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DIOXINAS, FURANOS E PCB - Inimigos invisíveis

Este estudo consiste numa reflexão sobre a questão da contaminação ambiental causada pelas dioxinas, furanos e PCBs, principalmente através da alimentação. As dioxinas, os furanos e os PCBs são compostos organoclorados. Organoclorado é um composto com grande capacidade de aderir à gordura. Eles são lipossolúveis, circulam agregados à gordura do sangue por todo o corpo humano. Atuam nos órgãos impactando milhões de células. Atravessam suas paredes através dos tecidos gordurosos e, no citoplasma, unem-se ao órgão receptor, intervindo no núcleo celular e atingindo, assim, a própria essência de cada espécie. São compostos fortemente estáveis, que perduram e permanecem no meio ambiente, resistindo à degradação química, fotolítica e biológica. Daí serem denominados Poluentes Orgânicos Persistentes (POPs). São capazes de se bioacumular nos organismos vivos, ocasionando uma contaminação crônica, cujos efeitos vão se combinando e ampliando de formas catastróficas. 

São, portanto, extremamente tóxicos ao homem. Uma característica de risco importante das dioxinas, furanos e PCBs, segundo o Professor Hanspaul Hagenmaier, do Instituto de Química Orgânica, da Universidade de Tubingen, na Alemanha, é sua difícil decomposição no meio ambiente. Calcula-se que tenham uma meia vida de no mínimo doze anos ou mais. Por esse motivo, acumulam-se na cadeia alimentar, provocando ao final a contaminação humana (CONEXÃO DIOXINA, 1995). Denise Martins Bloise Revista Meio Ambiente e Sustentabilidade | vol.14, n.7 | jan/jun – 2018 115 As dioxinas afetam de forma devastadora a saúde humana, causando câncer, defeitos de nascimento, diabetes, retardo no desenvolvimento e na aprendizagem, endometriose, anomalias no sistema imunológico, reprodutivo e endócrino. A dioxina é apontada pelo Programa Nacional de Toxicologia dos EUA (U.S. National Toxicology Program) como um conhecido carcinogênico humano desde 2001. A Agência de Proteção Ambiental dos EUA (U.S. Environmental Protection Agency – EPA) faz a mesma afirmação. 

O documento indica uma projeção de risco real de contração de câncer de um para cem, em pessoas sensíveis com uma dieta rica em gorduras animais. A IARC – International Agency for Research in Cancer (Agência Internacional de Pesquisas em Câncer), organização filiada à OMS, classificou a dioxina como um conhecido carcinogênico humano, em 1977. 

O que são e como são formadas as dioxinas, furanos e PCBs?

As dioxinas, furanos e PCBs semelhantes às dioxinas exercem a mesma ação no corpo humano. Isto é, elas agridem o mesmo receptor na célula e seguem a mesma via metabólica. Há outros PCBs, entretanto, que atuam de forma diferente e são conhecidos, portanto, como “não semelhantes às dioxinas”. Ambos são, contudo, prejudiciais à saúde.

Dioxinas e furanos são subprodutos de processos químicos que envolvem a queima de materiais orgânicos onde há a presença de cloro, como explica a analista de laboratório da Mérieux NutriSciences, Angela Cerqueira.

“Na metalúrgica, por exemplo, que você tem que fundir o metal, há alta temperatura e se isso acontece num ambiente que está contaminado com cloro e existe matéria-orgânica você acaba liberando essas dioxinas. São sempre esses três fatores: cloro, matéria-orgânica e alta temperatura”, esclarece.

As principais fontes de emissão são a incineração de lixo, produção de metais, incêndios florestais, fabricação de bens de consumo, branqueamento de papel, produção de agrotóxicos, entre outros.

Eles são produzidos de forma não intencional, ao contrário dos PCBs, uma mistura de compostos clorados, que costumava ter várias aplicações industriais devido à suas propriedades físico-químicas.

Seu uso era comum como refrigerador, fluído dielétrico, fluído em máquina e em motores.

No início feita em larga escala, a produção de PCBs foi proibida na década de 80 em todo o mundo devido à descoberta dos riscos associados à sua utilização. A proibição ocorreu primeiro nos Estados Unidos e, posteriormente, nos demais países, como o Brasil.

“Desde a década de 80…90 eles não são mais produzidos, mas como são persistentes, continuam no ambiente por muito tempo. E como foram muito descartados de forma inadequada, em qualquer ambiente você consegue encontrar PCB. Além disso, até hoje há equipamentos antigos que ainda têm”, informa Angela.

Como ocorre a contaminação e qual o principal meio de exposição a ela?

A principal forma de exposição do ser humano é a ingestão de alimentos contaminados.

Uma das situações em que isso ocorre é quando há presença dessas substâncias na ração usada para alimentar animais que serão, posteriormente, consumidos pelo homem.

“Você tem, por exemplo, rações que são feitas de farinha de pena. Então tem que incinerar a pena e isso pode ser um processo de contaminação”, explica a analista.

Como resultado, ao serem absorvidos, esses contaminantes concentram-se no tecido adiposo (onde fica acumulada gordura) de aves e bovinos.

As dioxinas, furanos e PCBs são também transportados pelo ar e podem contaminar, dessa forma, o solo ou estarem presentes nele devido à realização de algum processo (como os já mencionados) no local.

Dessa forma, aves como galinhas ou frangos, também podem se infectar ao consumirem milho bicando o solo contaminado.

Além disso, os contaminantes podem atingir rios e mares, provocando assim, o seu contato com os animais marinhos.

Produtos lácteos, carnes e peixes são onde se encontra os maiores níveis desses compostos.

Os impactos disso para a saúde humana são vários. O principal deles é a relação com o câncer, já que são reconhecidos pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como carcinogênicos ou potencialmente carcinogênicos.

“A importância das análises para nossa segurança alimentar é que não sejamos expostos a esses compostos e acabemos ficando suscetíveis à essas doenças”, pontua Angela.


FONTE:  Revista Meio Ambiente e Sustentabilidade - Volume 14 - Jan-Jun 2018 & Blog Merieux NutriSciences - Análises de Dioxinas, Furanos e PCB's - 2021 (http://blog-br.mxns.com/analises-de-dioxinas-furanos-e-pcbs/)

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